Os delegados Igor Diego e João Marcello, da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), falaram na manhã de sexta-feira (7) sobre os supostos golpes praticados por uma jornalista e promotora de eventos, em Maceió, na venda de abadás no carnaval. De acordo com as autoridades policiais, a Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) vai abrir uma investigação para apurar os fatos.
O delegado Igor Diego informou que as vítimas serão ouvidas e, logo após, ouvirão o relato da suspeita. "Já são mais de 20 registros de boletins de ocorrência, e neles podem haver mais de uma vítima. Neste momento, vamos ouvir as pessoas lesadas e iniciar a investigação. As vítimas devem comparecer à delegacia para afirmar que vão apresentar queixa contra a autora pelo crime de estelionato".
Segundo informações, as delegacias de Maceió vêm recebendo, desde a última sexta-feira (28/2), denúncias de pessoas que teriam sido vítimas da jornalista Adelaide Nogueira, de 44 anos, profissional conhecida na comunicação alagoana.
As denúncias indicam que os pagamentos foram feitos via PIX diretamente para a conta da suspeita, de seus familiares e de uma empresa, com diversos valores. O valor do prejuízo ainda está sendo investigado pela polícia.
Conforme as denúncias, a profissional teria vendido pacotes com abadás e pulseiras de acesso – alguns Vips, inclusive – para eventos privados de carnaval nas cidades de Olinda, Recife e Salvador. No entanto, não entregou o prometido. Os delegados informaram que a situação não configura flagrante, mas não descartam que a suspeita possa ser presa, caso a investigação confirme a autoria do crime.
De acordo com um portal de notícias local, que teve acesso a alguns boletins de ocorrência, além de prints e áudios de conversas realizadas entre a jornalista e as vítimas, o número de pessoas lesadas ultrapassa 100.
O valor total repassado à comunicadora pelas vítimas que sofreram o golpe está na casa dos 100 mil reais. Na última sexta, o caso não acabou em uma tragédia maior com o suicídio da jornalista, após as vítimas começarem a expor a situação com provas contra Adelaide. Inclusive, as vítimas a encontraram em casa e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) depois que ela pediu para que fossem buscar as compras em sua residência.
Nogueira está internada desde a data no Hospital Geral do Estado (HGE), se recuperando. A jornalista vendia os combos com descontos de até 30%, mas, com a cobrança dos compradores, alegava atrasos da organização e afirmava que equipes estariam vindo para a capital alagoana para fazer a entrega dos abadás, o que não aconteceu.
DEFESA
Carlos Eduardo Carvalho, advogado de defesa de Adelaide Nogueira, informou nesta sexta-feira que a intenção da suspeita é devolver todos os valores a quem, efetivamente, são devidos. Segundo ele, houve falhas de terceiros.
"Não se objetiva ficar com a quantia devida às pessoas, houve falha por parte de terceiros que não realizaram a entrega dos abadás, mas isso também deve ser apurado pelas autoridades policiais. O que se objetiva é o esclarecimento de tudo. O que sabemos é que há pessoas se utilizando do cenário para tentar se aproveitar da situação de forma ilícita, indevida. Pessoas que, inclusive, receberam o QR Code, mas estão dizendo que foram vítimas do golpe. Queremos que tudo seja esclarecido e que seja devolvido a quem foi prejudicado", relatou o advogado.