No Brasil, o câncer (CA) de mama é a principal causa de óbito por câncer entre as mulheres, podendo chegar a 45%, entre as mulheres de 50 a 69 anos. Estima-se que em 2024 teremos 73.610 novos casos. Mas poucas pessoas sabem que existe uma relação entre o câncer de mama e o coração.
Quando o câncer é diagnosticado, o comprometimento do coração pode variar de 1 a 20%. Um dos motivos é que ambos possuem os mesmos fatores de risco, como: obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool, diabetes e mulheres na pós-menopausa.
Além disso, de acordo com o cirurgião cardíaco, e vice-presidente da Cordial, Dr. José Leitão, a quimioterapia, a radioterapia e as terapias hormonais podem acarretar em sequelas graves no coração. “Cerca de 15% das causas de óbitos após o tratamento do CA de mama são por insuficiência cardíaca, infarto, AVC ou arritmias, em especial, em mulheres acima de 70 anos ou com estágio mais avançado da doença”, destaca o médico.
A radioterapia consiste na aplicação de feixes de radiação sobre a área onde está localizado o tumor, porém, células saudáveis também podem ser afetadas. “A radiação pode danificar a microcirculação de órgãos e tecidos saudáveis, tornando-os mais frágeis. No caso do coração, a radioterapia pode causar problemas no músculo e nas artérias, inflamação do pericárdio, defeito nas válvulas, infarto e arritmia”, explica o cirurgião.
José Leitão explica também que os quimioterápicos, ou seja, medicamentos que servem para destruir as células cancerígenas, podem afetar diretamente o coração, causando lesões agudas ou crônicas, conhecidas como cardiotoxicidade. “Isso acontece porque os medicamentos quimioterápicos, ao atacarem as células cancerígenas, também alteram o metabolismo cardíaco. As antraciclinas, por exemplo, estão relacionadas ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca, que muitas vezes é irreversível, podendo afetar até 14% dos pacientes. Outro exemplo, o trastuzumabe, também está associado ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca, podendo chegar a 27% de incidência”, chama a atenção o médico.